segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Solução

A solução para um problema complexo como a desigualdade social não pode ser pensada de forma estritamente técnica, como se dependesse de uma equação matemática desenvolvida por economistas. Este é um equívoco muito comum quando esquecemos as raízes históricas de determinados problemas, por isso deve-se ter clareza de que este é um problema decorrente da própria estrutura sistêmica em que estamos inseridos, portanto pequenas reformas são incapazes de dar conta de todo o processo. Contudo, podemos apontar alguns caminhos que vemos como fundamentais na superação deste imenso problema social.
O primeiro deles, sem dúvida, é o acesso a uma educação pública de qualidade, que atenda à realidade das populações envolvidas e seja capaz de formar seus sujeitos para uma ação política comprometida com os interesses coletivos. A educação deve ser vista não apenas como um processo de formação de mão-de-obra para ser absorvida pelo mercado de trabalho, mas essencialmente como um processo de formação da cidadania plena, que prepare seus sujeitos para participar ativamente de todos os espaços políticos (governos municipal, estadual, federal, poder judiciário, mídia, comitês de bacia, conselhos gestores, audiências públicas etc.), atualmente ocupados quase inteiramente por representantes das classes dominantes. É importante frisar que a superação da desigualdade social não pode se dar somente no nível individual, com “força de vontade e determinação para o trabalho”, como alguns pregam. A superação das desigualdades sociais deve ser pensada sempre em um nível coletivo, de classe, com a união dos grupos explorados e oprimidos (sejam eles de trabalhadores, de mulheres, negros, homossexuais, sem-terra, sem-teto etc.) se voltando contra a fonte da exploração que se encontra na raiz do sistema capitalista.
Além disso, é importante que o acesso ao conhecimento (científico e não-científico) seja democratizado para que se supere a alienação social, permitindo que a população possa interferir nos processos produtivos não só no nível do consumo, mas também nos níveis de elaboração, produção e distribuição de produtos. No fundo, o que queremos dizer é que a superação das desigualdades sociais caminha junto com a democratização plena da sociedade, portanto lutar por democracia é também lutar pelo fim das desigualdades.



 

O que você pode fazer para ajudar?
Como dito anteriormente, é difícil apontar soluções para a desigualdade social no nível individual, dado que este processo depende de um esforço coletivo, por isso é importante que toda pessoa busque participar de espaços coletivos que representem seus interesses. A possibilidade de participar de um movimento social, uma ONG ou mesmo uma associação de bairro precisa voltar a ser considerada como uma atividade de grande relevância, pois a solução para as desigualdades reside acima de tudo na atuação política, seja interferindo na formulação de leis, emitindo opinião em audiências públicas ou representando suas comunidades nos espaços apropriados. É importante também buscar se informar por diversas fontes (livros, jornais, sites da internet) e questionar a neutralidade das informações passadas, de forma a poder apoiar ou criticar determinadas lutas com consciência do que de fato acontece.
O conhecimento é de grande importância inclusive para apoiar/criticar a criação de usinas hidrelétricas e nucleares, a instalação de empreendimentos potencialmente poluidores, a produção de alimentos transgênicos ou a transposição de rios, só para citar alguns temas atuais. Isto porque tais atividades comprometem diversas pessoas e recursos naturais, sendo ao mesmo tempo fontes de inclusão e exclusão social.
Superar desigualdades significa optar por inclusão e justiça social, mas simultaneamente ter consciência da capacidade de sustentação do planeta para que “incluir” não seja sinônimo de “consumir”. Portanto participe, se informe, inclua e rejeite injustiças.



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